Publicado em 17 ago 2018
Xixi na cama após os cinco anos de idade requer atenção e tratamento
Seu filho tem mais de cinco anos e acorda com a cama molhada? É preciso ficar atento: as escapadas de urina durante a noite podem ser consideradas um processo natural do desfralde até os cinco anos de idade, mas a perda involuntária de urina a partir dessa faixa etária já passa a ser considerada anormal. Neste caso, a incontinência urinária durante o sono ou o famoso “xixi na cama” recebe o termo técnico de enurese noturna e é um distúrbio comum na infância.
“O controle da bexiga durante o dia ocorre em torno dos dois anos de idade. Já o noturno é de seis a doze meses após o diurno. Então, por exemplo, se a criança adquiriu o controle diurno aos dois anos, ela vai adquirir o controle noturno por volta dos dois anos e meio ou três anos. Mas para caracterizar como enurese é só a partir dos cinco anos de idade e precisa, em geral, de três componentes para que ela ocorra: alteração da função da bexiga, algumas crianças também produzem mais urina durante a noite, mas todas as crianças com enurese têm dificuldade de acordar quando a bexiga está cheia”, explica a responsável pelo setor de pediatria do Núcleo de Disfunções Miccionais do Serviço de Urologia da Uerj, Eliane Maria Garcez Oliveira da Fonseca, que também é membro da direção da Sociedade Internacional de Incontinência e professora da Faculdade de Ciências Médicas da Uerj.
Os pais precisam ficar atentos já que a enurese noturna, além de poder ser um sintoma de outras doenças, como a bexiga hiperativa, pode afetar a qualidade de vida dos pequenos, como explica pediatra Eliane da Fonseca: “É muito comum a enurese causar um sofrimento muito grande de baixa de autoestima e o isolamento social. Muitas vezes, a criança não quer sair porque, se for dormir na casa de um amiguinho, ela tem esse segredo e acha que ninguém pode descobrir. Tem também outras alterações que não são psicológicas. Como a enurese é um distúrbio do sono, a criança acaba tendo uma qualidade do sono ruim e isso pode ter repercussão na escola, como a alteração no aprendizado”.
A enurese noturna nas crianças pode ser monossintomática, quando o quadro aparece isoladamente, ou não-monossintomática, quando se manifesta associada a outros sinais e sintomas, como a perda de urina durante o dia, infecção urinária, urgência na hora de urinar, entre outros. O distúrbio também pode ser classificado como primário, quando a criança sempre teve enurese e nunca adquiriu o controle noturno, ou como secundário, quando a criança volta a urinar na cama após um período de controle miccional de, pelo menos, seis meses. Todos estes fatores são importantes para a definição do tratamento.
Em geral, o tratamento começa com orientação de medidas comportamentais. Além disto, também pode ser feito com alarme urinário, que é um aparelho que ajudará o cérebro a reconhecer os sinais da bexiga, sendo um tratamento de condicionamento, ou pode ser com medicação para evitar que a bexiga contraia ou para evitar a produção de urina durante a noite.
O Núcleo de Disfunções Miccionais do Serviço de Urologia da Uerj, localizado na Policlínica Piquet Carneiro, oferece tratamento gratuito para pacientes com quadros de incontinência urinária ou difícil controle das micções. Referência no Estado do Rio de Janeiro, o Núcleo possui uma equipe multidisciplinar, composta por urologistas, ginecologistas, pediatras, enfermeiros, psicólogos e fisioterapeutas. Os pais das crianças enuréticas podem fazer o agendamento da consulta diretamente no local, situado à Avenida Marechal Rondon, 381, São Francisco Xavier. O Núcleo de Disfunção Miccional funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
Algumas medidas podem ajudar no controle da enurese:
– O primeiro passo é procurar uma avaliação médica. O pediatra pode ajudar a identificar os sintomas e encaminhar a criança para um urologista pediátrico, se for o caso.
– Os pais também devem aceitar que a criança não tem culpa e que não controlar o xixi é uma ação involuntária. Assim, não se deve brigar, punir ou humilhar a criança quando o fato ocorrer.
– Aumentar a ingestão de líquido durante o dia para que a criança sinta menos sede à noite. Mas isto não significa suprimir totalmente o consumo de líquidos à noite.
– Incentivar o hábito de fazer xixi a cada três horas ao longo do dia.
– Evitar o consumo de alimentos ricos em sal no período noturno.
– Lembrar a criança de ir ao banheiro antes de ir dormir. Acordá-la para ir ao banheiro durante a noite não é uma medida considerada eficaz pelos especialistas.
– Diminuir o consumo de bebidas com cafeína, como refrigerantes e mate, que são estimulantes da bexiga.
– Manter um diário com a anotação das noites secas ou com perdas de urina, para permitir um reforço positivo e o melhor acompanhamento dos progressos obtidos.